quinta-feira, 3 de maio de 2012


TRÊS É DEMAIS?

O Brasil passou a ser, a partir desse ano, o único país do mundo fora dos Estados Unidos em que os 3 maiores bureaus de crédito estão presentes: Experian (Serasa), Equifax (que, em associação com a Associação Comercial de São Paulo originou o grupo Boa Vista) e agora, também a TransUnion (que recém aportou no país com a aquisição da Crivo, especializada em ferramentas de automação de crédito).
Com configurações e modelos de negócios próprios e não necessariamente idênticos ao modelo da matriz, o fato é que estão – todas - no Brasil.
Com participação ainda inferior a 50% do PIB (49,1% em 2011),  ao passo que nos Estados Unidos já supera 200%, o volume atual de crédito (cerca R$ 2 trilhões) pode parecer não comportar todos os concorrentes, especialmente se comparados ao mercado norte-americano, onde competem por algo em torno de U$ 30 trilhões.
A decisão estratégica de expansão de negócios, com o Brasil à frente das demais alternativas na geografia contemporânea, de resto, segue a tendência de praticamente todos os segmentos de negócio: o Brasil é hoje o objetivo de chegada de 9 em 10 investidores internacionais.
No entanto, a presença dos grandes agentes na arena de informações de crédito merece atenção especial, até porque não encontra paralelo em nenhum outro país.
A parte as condições objetivas de negócio ante as perspectivas de crescimento em um cenário sócio-econômico estabilizado (apesar das ainda pouco competitivas condições de infra-estrutura, encargos tributários e burocracia), a capacidade de consumo do cidadão brasileiro aumentou e todo o mercado está à busca de crédito para alavancar o crescimento da economia.
Recentemente, não sem razão, o crédito entrou na pauta da agenda política e passou a ser assunto de governo. O raciocínio é lógico: em economias desenvolvidas, o crédito é um fator de desenvolvimento econômico e social e sua expansão é crítica para acompanhar – e sustentar -  o ritmo de crescimento do país.
Não é segredo para ninguém, nem para o governo, nem para os agentes financeiros, nem para o próprio consumidor, que o uso inconsequente ou abusivo do crédito pode ser pior do que a sua escassez. Ainda ressoam os ecos da grande crise das hipotecas de 2008 para que ninguém se esqueça de quão crítica é a questão.
E por aqui, picos de inadimplência, como especialmente da segunda metade de 2011, acionam o sinal amarelo para novos empréstimos e o sinal vermelho para a necessidade de correção de rumos – ou seja, concessão e monitoramento mais criteriosos.
E não será em um arremedo de redução de taxas que solucionaremos o problema. A constituição de um processo maduro para expansão de crédito requer muita consistência de informações, ferarmentas e tecnologia, além do estímulo ao consumidor, entusiasmado com a novidade de seu novo patamar de consumo – e incentivado por taxas reduzidas. Sem as condições estruturais de um processo robusto, a redução das taxas será, na melhor das hipóteses, mera bravata.  E na pior, um risco irresponsável.

Aí justamente é que passamos ao próximo nível dessa discussão. A expansão do crédito – de resto uma realidade em marcha e uma oportunidade extraordinária, face ao ritmo de crescimento do país – deve estar suportada e amparada por informações e ferramentas de qualidade, com agilidade de autalização de informações e sobretudo, inteligência para tomada de decisão.
A informação é a base para a tomada de qualquer decisão. E todos sabemos que ainda temos uma avenida imensa a percorrer – não temos ainda dos dados de informações positivas, dos dados de hábitos de consumo e de pagamentos dos consumidores, que serão consolidadas pelo cadastro positivo, ainda bastante longe de ser uma realidade operacional.
E embora essencial e condição absolutamente necessária, a informação (ainda precária) já não é condição suficiente: precisamos de inteligência aplicada e ferramentas de decisão. Que partem, naturalmente, das informações, mas representam o próximo passo fundamental para a estruturação de modelos robustos de concessão e controle de crédito, sem os quais não há como expandir a base de empréstimos.
Não é pouco trabalho assim como, claramente, não é pequeno o tamanho da oportunidade. Os grandes bureaus perceberam isso e passam a ser agentes fundamentais e muito bem vindos da construção dessa nova etapa de desenvolvimento no país, com sua experiência e tecnologia capazes de nos auxiliar a capturar a imensa oportunidade de expansão que está à nossa frente – de maneira responsável e sustentável.

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