TRÊS É DEMAIS?
O
Brasil passou a ser, a partir desse ano, o único país do mundo fora dos Estados
Unidos em que os 3 maiores bureaus de crédito estão presentes: Experian
(Serasa), Equifax (que, em associação com a Associação Comercial de São Paulo originou
o grupo Boa Vista) e agora, também a TransUnion (que recém aportou no país com
a aquisição da Crivo, especializada em ferramentas de automação de crédito).
Com
configurações e modelos de negócios próprios e não necessariamente idênticos ao
modelo da matriz, o fato é que estão – todas - no Brasil.
Com
participação ainda inferior a 50% do PIB (49,1% em 2011), ao passo que nos Estados Unidos já supera
200%, o volume atual de crédito (cerca R$ 2 trilhões) pode parecer não
comportar todos os concorrentes, especialmente se comparados ao mercado
norte-americano, onde competem por algo em torno de U$ 30 trilhões.
A
decisão estratégica de expansão de negócios, com o Brasil à frente das demais
alternativas na geografia contemporânea, de resto, segue a tendência de
praticamente todos os segmentos de negócio: o Brasil é hoje o objetivo de
chegada de 9 em 10 investidores internacionais.
No
entanto, a presença dos grandes agentes na arena de informações de crédito
merece atenção especial, até porque não encontra paralelo em nenhum outro país.
A
parte as condições objetivas de negócio ante as perspectivas de crescimento em
um cenário sócio-econômico estabilizado (apesar das ainda pouco competitivas
condições de infra-estrutura, encargos tributários e burocracia), a capacidade
de consumo do cidadão brasileiro aumentou e todo o mercado está à busca de
crédito para alavancar o crescimento da economia.
Recentemente,
não sem razão, o crédito entrou na pauta da agenda política e passou a ser
assunto de governo. O raciocínio é lógico: em economias desenvolvidas, o
crédito é um fator de desenvolvimento econômico e social e sua expansão é
crítica para acompanhar – e sustentar -
o ritmo de crescimento do país.
Não
é segredo para ninguém, nem para o governo, nem para os agentes financeiros,
nem para o próprio consumidor, que o uso inconsequente ou abusivo do crédito
pode ser pior do que a sua escassez. Ainda ressoam os ecos da grande crise das
hipotecas de 2008 para que ninguém se esqueça de quão crítica é a questão.
E
por aqui, picos de inadimplência, como especialmente da segunda metade de 2011,
acionam o sinal amarelo para novos empréstimos e o sinal vermelho para a
necessidade de correção de rumos – ou seja, concessão e monitoramento mais
criteriosos.
E
não será em um arremedo de redução de taxas que solucionaremos o problema. A
constituição de um processo maduro para expansão de crédito requer muita
consistência de informações, ferarmentas e tecnologia, além do estímulo ao
consumidor, entusiasmado com a novidade de seu novo patamar de consumo – e incentivado
por taxas reduzidas. Sem as condições estruturais de um processo robusto, a
redução das taxas será, na melhor das hipóteses, mera bravata. E na pior, um risco irresponsável.
Aí
justamente é que passamos ao próximo nível dessa discussão. A expansão do
crédito – de resto uma realidade em marcha e uma oportunidade extraordinária,
face ao ritmo de crescimento do país – deve estar suportada e amparada por
informações e ferramentas de qualidade, com agilidade de autalização de
informações e sobretudo, inteligência para tomada de decisão.
A
informação é a base para a tomada de qualquer decisão. E todos sabemos que
ainda temos uma avenida imensa a percorrer – não temos ainda dos dados de
informações positivas, dos dados de hábitos de consumo e de pagamentos dos
consumidores, que serão consolidadas pelo cadastro positivo, ainda bastante
longe de ser uma realidade operacional.
E
embora essencial e condição absolutamente necessária, a informação (ainda
precária) já não é condição suficiente: precisamos de inteligência aplicada e
ferramentas de decisão. Que partem, naturalmente, das informações, mas
representam o próximo passo fundamental para a estruturação de modelos robustos
de concessão e controle de crédito, sem os quais não há como expandir a base de
empréstimos.
Não
é pouco trabalho assim como, claramente, não é pequeno o tamanho da
oportunidade. Os grandes bureaus perceberam isso e passam a ser agentes
fundamentais e muito bem vindos da construção dessa nova etapa de
desenvolvimento no país, com sua experiência e tecnologia capazes de nos
auxiliar a capturar a imensa oportunidade de expansão que está à nossa frente –
de maneira responsável e sustentável.
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